Olá a tod@s!
Regressamos aos sumários mensais de erros de tradução com o primeiro artigo de 2023.
Desde setembro de 2021, publicámos 13 sumários (disponíveis aqui: I, II , III, IV, V, VI, VII, VIII, IX , X, XI, XII e XIII), sobre temas como: traduções literais; a não tradução da palavra please; erros de regência verbal e nominal; o incumprimento das instruções do cliente; a distinção entre friendly language e informal language; a perpetuação de erros do texto original, entre muitos outros.
A quem se juntou recentemente à equipa de tradução, ou a quem ainda não tenha tido a oportunidade de o fazer, recomendo a leitura dos artigos anteriores para que, de futuro, possamos evitar muitos dos erros já sinalizados e esclarecidos.
No artigo de hoje, irei esclarecer dúvidas relacionadas com a tradução do termo “Powered by” e com a tradução e pluralização de siglas e acrónimos.
1 - O termo «Powered by»
O termo «Powered by [X]», tal como surge frequentemente no contexto de novas tecnologias não significa “alimentado por [X]”, ou “alimentado a [X]” (na interpretação de “power” como “energia”).
Esta expressão surgiu como um novo termo de marketing que significa que determinado produto contém tecnologia, serviços ou conhecimento especializado da marca ou empresa [X]. Ou seja, a marca, a empresa ou a tecnologia [X] alia-se a um dado produto como uma mais-valia.
Assim, quando se lê “[Y] is powered by [X]” deve entender-se que “[Y] possui tecnologia [X]”.
Exemplo:
EN —This device is powered by Artificial Inteligente
PT — Este dispositivo é alimentado por Inteligência Artificial ✖
PT — Este dispositivo possui tecnologia de Inteligência Artificial ✔
2 – A tradução e pluralização de siglas e acrónimos
As siglas, tal como os acrónimos, são palavras formadas a partir das letras iniciais de uma expressão, sendo que as siglas se leem soletrando letra a letra (por exemplo: EDP) e os acrónimos se leem como uma palavra normal (por exemplo: OVNI).
- – A tradução de siglas e acrónimos
A regra para a tradução de siglas e acrónimos a partir de uma língua estrangeira é que se deve utilizar a sigla/acrónimo correspondente em português sempre que exista, mas nunca se deve inventar ou “aportuguesar” uma sigla que não esteja instituída na língua portuguesa.
Assim, o primeiro passo quando surge uma sigla num texto é clarificar junto do cliente, ou em recursos paralelos, a que se refere. E o segundo passo é confirmar se já se instituiu uma tradução para essa expressão (e/ou respetiva sigla) em português ou se é necessário manter a sigla na língua original.
A expressão “Graphics Processing Unit”, por exemplo, pode traduzir-se para português como “Unidade de Processamento Gráfico/de Gráficos”. No entanto, em português europeu, não se adotou, até à data, nenhuma tradução para a sigla correspondente: “GPU”.
Assim, «Graphics Processing Unit (GPU)» deverá traduzir-se como «Unidade de Processamento Gráfico (GPU)», ou simplesmente como GPU.
Inversamente, siglas como UFO (Unidentified Flying Object) ou HIV (Human Immunodeficiency Virus) traduzem-se para português como OVNI e VIH, que correspondem às expressões “Objeto Voador Não Identificado” e “Vírus da Imunodeficiência Humana”, respetivamente.
Exemplo:
EN — HIV infection
PT — Infeção por HIV ✖
PT — Infeção por VIH ✔
- – A pluralização de siglas
Outra dúvida frequente diz respeito à pluralização de siglas, um fenómeno comum na língua inglesa, mas não na língua portuguesa.
Em português europeu, as siglas e os acrónimos não variam em número. O plural de uma sigla é expresso através do artigo que a antecede e não acrescentando um “s” ao final da sigla.
Assim, deve escrever-se “os CD”, “os PC” e “as SCUT” e não “os CDs”, “os PCs” e as “SCUTs”.
Exemplo:
EN — The next generation of GPUs
PT — A próxima geração de GPUs ✖
PT — A próxima geração de GPU ✔
Espero que o artigo de hoje tenha sido útil e, como sempre, não hesitem em partilhar as vossas dúvidas ou sugestões.
Até breve e continuação de boas traduções!
Sara Nogueira
Especialista linguística de português europeu na Gengo
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