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Olá a tod@s!

 

Espero encontrar-vos bem.

 

Neste mês de outubro, a série de artigos “Principais lapsos de tradução” celebra um ano! É verdade. Já passaram doze meses desde a publicação do primeiro artigo, e muito se tem escrito e aprendido, de parte a parte, sobre os tipos de erro que vão sendo mais comuns — tanto os que decorrem do processo de tradução, como os que ocorrem na redação do português. O objetivo último destes artigos é ajudar a equipa de tradução de EN-PT a evitar erros semelhantes no futuro. Espero que, até agora, tenhamos sido bem-sucedidos neste empreendimento.

Ao fim de um ano, já tivemos a oportunidade de compilar inúmeros exemplos de situações de tradução assinaladas pelos revisores por não irem ao encontro das expectativas de qualidade da Gengo.

 

E que expectativas são essas?

 

As expectativas de qualidade da Gengo não diferem das de qualquer outra empresa, cliente ou leitor de (uma) tradução, e podem resumir-se em 6 pontos essenciais:

 

(1) na adequação da linguagem ao tipo e função do texto e (2) ao público a que se destina;

(3) na utilização correta de terminologia, (4) vocabulário e (5) gramática; e

(6) na produção de um texto fluente (i.e., que não provoque quebras de raciocínio ao leitor com a introdução de estruturas, expressões ou termos que lhe são estranhos).

 

Um exemplo ilustrativo do ponto (6) são frases como “Por vezes, sim. Mas frequentemente, definitivamente não”, (do inglês: “Sometimes, yes. But often, definitely not”).

 

Antes de avançarmos, aproveito também a ocasião do primeiro aniversário desta série para alterar o título de “Principais lapsos de tradução” para “Principais erros de tradução”. Isto porque, um lapso é um engano involuntário ou proveniente do esquecimento e, embora não goste especialmente da palavra “erro”, acaba por representar mais fielmente os conteúdos abordados nestes artigos.

De seguida, e como o artigo de hoje já vai longo, vamos falar apenas de um tipo de erro frequente, que se prende com o emprego da vírgula.

 

Exemplo 1

EN: We’ve designed the software to be accessible to everyone regardless of their level of experience and also loaded it with powerful features.

PT: Criámos o software para ser acessível a todos independentemente do seu nível de experiência e também o enchemos de funcionalidades poderosas. ×

PT:  Criámos o software para ser acessível a todos, independentemente do seu nível de experiência, e também o enchemos de funcionalidades poderosas.

 

Exemplo 2

EN: That being said, as of the moment, we have no ongoing free trials.

PT: Dito isto, neste momento não temos avaliações gratuitas disponíveis. ×

PT: Dito isto, neste momento, não temos avaliações gratuitas disponíveis.

 

O uso da vírgula

As dúvidas relativas ao emprego da vírgula são transversais a uma grande parte da comunidade de falantes (ou escritores) do português, sendo também responsáveis por erros frequentes nas revisões da Gengo.

Essencialmente, a vírgula indica uma pausa breve na leitura e enfatiza ou separa expressões/orações, ajudando a esclarecer o sentido das frases e a marcar o ritmo do discurso.

Abaixo, listamos oito regras de utilização da vírgula que, embora possam não contemplar ou detalhar todos os casos, esperamos que ajudem a esclarecer muitas dúvidas.

 

Assim, a vírgula usa-se para:  

 

(1) separar elementos de uma enumeração [i.e. elementos com a mesma função sintática quando não separados por ou, por e ou por nem];

(2) separar expressões explicativas ou retificativas;

(3) separar elementos que vêm antes da oração principal;

(4) separar expressões intercaladas e inversões na ordem natural dos constituintes da frase;

(5) isolar o vocativo e o aposto;

(6) marcar a omissão do verbo (elipse);

(7) separar orações subordinadas e complementos em frases longas; e

(8) separar datas, localidades, o modo ou o tempo quando expressos no início da frase.

* exemplos de cada uma das situações listadas acima disponíveis no Guia de Estilo da Gengo.

 

Recomendo ainda a leitura do artigo “A vírgula em 4 regras simples” de André Gazola/Ciberdúvidas, que faz uma boa síntese de quando utilizar e não utilizar a vírgula, acrescentado vários novos exemplos; do guia “Semear vírgulas - A sintaxe e o uso da vírgula” de Fernanda Costa/Porto Editora; e do artigo “Vírgulas com contudo, porém e «como por exemplo»” de Carlos Rocha/Ciberdúvidas.

 

Para terminar, recomendo também a leitura dos artigos anteriores (nomeadamente, IIIIIIIVV, VI, VIIVIII, IX e X) e do artigo EN>PT (EU) Erros Comuns a quem ainda não tenha tido oportunidade de o fazer.

 

Como sempre, não hesitem em partilhar as vossas dúvidas e sugestões.

 

Até breve e continuação de boas traduções. :)

Sara Nogueira

 

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